Menu cheio, despensa vazia
quinta-feira, 29 de outubro de 2009 -
Qualidade e variedade do Picanha do Futuro, referência na gastronomia recifense, deixam a desejar
Por Danielle de Moraes
Localizado no bairro da Jaqueira, o bar/restaurante Picanha do Futuro agrada aos que, após um saudável passeio no Parque da Jaqueira, decidem tomar uma cervejinha (Bohemia 600 ml, a R$ 3,90, ou Antarctica Original 600 ml, a R$ 6,00). Agora, se você optar por um chopp, terá que se satisfazer com um copo de 300 ml, sendo aproximadamente 1/3 de colarinho. Uma pena é pagar R$ 2,50 pelo copo de Brahma e não poder escolher se quer ou não que ele venha com a danada da espuma.
Para acompanhar o chopp nada democrático e muitas vezes inacessível àqueles que não residem no elitizado bairro e não integram a high society, resolvi ficar na tradicional porção de batata-frita (R$ 5,00) e, infelizmente, mais uma decepção. Porção pequena. Acho que é proposital. Afinal, a maioria das ladies e gentlemen que costumam freqüentar o ambiente devem passar a semana angustiados em rigorosíssimas dietas. Desta forma, o Picanha do Futuro é solidário aos seus clientes. Porção pequena para que eles não precisem passar mais horas na academia, tentando queimar as milhares de calorias adquiridas com a infernal batatinha.
Decidi, então, partir para outro petisco: uma maminha na chapa (500 g), a R$ 23,90. O prato acompanhava farofa, vinagrete e macaxeira (sem falar nas fatias finas de cebola na brasa – que ficam adocicadas quando cozidas). Olhe que não pude conferir a procedência da carne, que estava bem passada e foi servida em um rechaud tradicional e encontrado com freqüência nas churrascarias, mas há quem diga que comeu “gato por lebre”.
Na tentativa de mudar as minhas impressões a respeito do estabelecimento, pedi uma porção de camarão ao natural (R$ 17,90). Gostaria de degustar algo mais leve e saber se o bar conseguia ir além de sua especialidade e se destacar pela excelência de alimentos que não encontramos num churrasco. Devo confessar que a resposta do garçom me assustou: “No momento, não temos nenhum fruto do mar”. Lamentável. Ainda pensei em partir para um frango, mas me controlei e evitei outro choque.
O atendimento também não foi dos melhores. Demorou para chegar a minha “próxima dose”. Ainda bem que eu não estava naqueles dias melancólicos, não havia recebido nenhum fora de algum pretendente, nem terminado um relacionamento. Também não havia me formado e, conseqüentemente, o desemprego ainda não estava batendo a minha porta. Não, eu não havia recebido nenhuma proposta milionária de emprego precocemente, não era uma das vencedoras da mega-sena. Na verdade, nem um dinheirinho no bicho havia ganho. Nenhum parente havia morrido, o filho de nenhum amigo havia nascido. Graças a esses motivos, não era uma daquelas noites que a vontade de beber torna-se superior a qualquer outro desejo. Era uma noite comum e, por isso, a demora para o meu copo ser trocado não foi tão notada.
Fora isso, minha avó, que passa por um tratamento médico e anda com ressecamento nos lábios, não pôde tomar uma água de coco. Também estava em falta. Essa eu não entendi. Como é solidário aos seus clientes no momento em que economiza na porção da batatinha e deixa faltar logo água de coco?
O resultado da minha noite no bar dos “granfinos”, que recebeu, inclusive, um espaço na revista Veja Recife: uma conta alta, uma qualidade e atendimento a desejar. Calma. O bar tem seus pontos positivos. A trilha sonora escolhida e a qualidade do som são fantásticas. Os dois ambientes do local também permitem ao cliente escolher uma área aberta e mais descontraída ou um espaço fechado, mais reservado. As luzes não são nem muito altas, nem baixas, agradando a um público mais significativo. Alguma coisa precisava ser boa para atrair as pessoas que freqüentam o Picanha do Futuro. Entretanto, terminarei a noite em um barzinho igualmente agradável e mais acessível. De preferência, com um estacionamento. Não gostaria de perder tempo, novamente, procurando um local para deixar o carro.
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