Is this it?


Kenny Ortega consegue saciar a curiosidade daqueles que ansiavam pelas apresentações

Por Andreane Carvalho

Os fãs de Michael Jackson, acostumados a vê-lo em performances espetaculares nos palcos e videoclipes, agora têm a chance de assistir a um lado diferente do artista, pouco explorado até então. Em This is it, de Kenny Ortega, mais de cem horas de cenas dos bastidores são transformadas em um grande making of que tem o mérito de demonstrar como o gênio da música pop, mundialmente conhecido, criava e recriava as apresentações que deixavam milhares de pessoas hipnotizadas ao redor do mundo.

Ao contrário dos shows de MJ, o documentário não hipnotizada. Cumpre, no máximo, o papel de homenagem póstuma, saciando a curiosidade daqueles que ansiavam pelas apresentações que se realizariam em Londres, com estréia em julho deste ano. Para os fãs, é o mais perto que eles chegaram do espetáculo. Para o espectador comum, curioso de última hora, é apenas um grande programa especial a ser exibido em qualquer MTV da vida.

Além de um gostinho (mínimo, de verdade) do que seriam os cinquenta shows da O2 Arena, o filme mostra como o sujeito de saúde frágil, magreza aflitiva e rosto deformado contrastavam com o sujeito ativo, capaz coreografar e mudar arranjos, dando de si o máximo. A verdade é que Michael participava de toda a produção, entendia cada passo e, quando não gostava do que ouvia ou via, tinha discernimento para palpitar e interagi junto à equipe. Vale salientar que em nenhum momento do filme é demonstrado como o esforço consumiu o artista, sempre presente a cada passo da realização.

Toda a gravação possui bons registros, feita com equipamentos de qualidade. É possível perceber algum jogo de câmera, nada demais. De fato, do começo até a música Beat It o filme é empolgante, depois acaba perdendo a força e o ritmo, tornando-se tediante. O filme peca pela má edição. Tal afirmação pode ser observada com clareza em Billie Jean, quando o astro balbucia algumas palavras como se tivesse previsto a fatalidade que aconteceria depois de alguns dias. Sem falar na importância da música para a carreira de Michael, pois foi com ela que, pela primeira vez, foi executado o passo “Moonwalk”. A cena termina com um fade in. A impressão que dá é que o filme acaba ali, mas logo somos surpreendidos com outros ensaios. O fim de verdade deixa a desejar.

Mas, levando em consideração que o material tão decente seria apenas extras do DVD, é possível se imaginar e tirar algum proveito do que seria a turnê, que estava a um passo de entrar para a história. Talvez, com tanto perfeccionismo mostrado no filme, se o próprio Michael assistisse a This is it não teria o achado suficiente para os fãs que amava.

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